segunda-feira, 26 de outubro de 2009

GESTÃO DE RISCO ASSOCIADA AO PRÈ SAL

O risco virou regra e não a exceção nesta discussão sobre o pré sal brasileiro. O grande problema é que ele está negligenciado.

O primeiro ponto a compreender no pré sal brasileiro é a dimensão do risco associado à ele. Sem dúvida esta equação é das mais complexas, mas se não for encarada desde o início, qualquer modelo e legislação que se desenhe estará fadado ao insucesso.

Não se trata de definir apenas um modelo matemático que avalie o risco, embora ele seja necessário. A questão que é política e técnica trata fundamentalmente do interesse nacional.

Com certeza existem os lobbies e os interesses políticos, mas não acredito que isso seja o maior problema, como tantos preconizam. Ao contrário, pode até ser parte da solução, na medida em que traga idéias e sugestões para o debate. O maior desafio é encontrar um grupo de pessoas que consiga juntar todas as alternativas e formular um modelo, compreendendo as variáveis de risco, além das legais e econômicas.

Trata-se de definir que ganho almejamos e que risco estamos dispostos a correr. Uma nação como a brasileira não pode se dar ao luxo de pensar apenas nos ganhos e em como utilizá-los, mas deve sim, considerar qual o nível suportável de perdas que uma sociedade ainda carente como a nossa pode absorver. Alguém já considerou a hipótese de o pré- sal requerer um investimento enorme e , de repente, os preços do petróleo caírem tanto que ele não se viabilize? Ou pior, que neste ínterim a matriz energética do mundo mude?

Talvez isto signifique que ganhos menores sejam os mais adequados para uma perfeita gestão de risco do processo.

O objetivo do marco regulatório deve ser aquele que permita um retorno compatível com a necessidade do país e alinhado com sua capacidade de correr riscos. Este seguramente é o caminho do sucesso.


Paulo Thomazoni


Paulo Thomazoni é formado em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica, com especialização em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas com cursos de formação executiva nas Universidades de Tilburg na Holanda e Leuven na Bélgica. Atualmente é Presidente da filial brasileira da PURAC , multinacional européia do setor de bioquímica.

Um comentário:

  1. THOMAZONI, Ótima análise. Pergunta: é possível quantificar estes riscos e estes retornos? Num cenário do valor do barril de petróleo a valor presente de US$ 70 e uma mragem bruta por barril de petróleo de 20%, teríamos um lucro de US$ 14/ barril. Estima-se em 2020 uma produção do PRÉ SAL DE 1 Bilhão barris. Neste cenário como gerir estes recursos?

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