quinta-feira, 6 de agosto de 2009

POÇO DE DÚVIDAS II - PRÉ SAL

A jornalista MIRIAM LEITAO fez ótima análise do processo de decisão no PRÉ-SAL no GLOBO de hoje.

Pré-sal: o Brasil escolhe modelo de países atrasados

O Brasil está seguindo o caminho de outros países subdesenvolvidos na exploração do petróleo na camada do pré-sal. Está trocando o modelo de exploração de concessão, adotado por EUA, Inglaterra, Noruega, pelo regime de partilha, que é usado por Nigéria, Líbia e Angola. Por que exatamente isso está sendo defendido pelo governo brasileiro nem mesmo os especialistas conseguem explicar.

A principal diferença entre esses dois modelos é que no primeiro a empresa que explora o campo do petróleo recompensa o governo em forma de dinheiro. No segundo, isso acontece com petróleo, a empresa entrega parte da extração. De acordo com o especialista em energia da Coppe, Giuseppe Bacoccoli, enquanto o governo está preocupado em "como" será restituído, no mercado, a dúvida é de "quanto" será a restituição.

- A mudança de regime vai trocar um modelo que é usado pelos principais países desenvolvidos, e que já é usado e conhecido no Brasil há mais de 10 anos, para um outro que é utilizado por países subdesenvolvidos. Por enquanto, o governo só fala em como será pago, mas os investidores querem saber, na verdade, quanto terão que pagar. Isso permanece obscuro e gera apreensão- afirmou.

Outra coisa que preocupa os investidores é a ideia de que a Petrobras será a operadora de todos os campos. Na prática, significa que a empresa brasileira irá administrar e tomar as decisões mais importantes sobre a exploração. As empresas estrangeiros ficarão, portanto, subordinadas à gestão da Petrobras.

- Nenhuma empresa gosta de ter que seguir as ordens de uma outra - disse Bacoccoli.

Todas essas dúvidas são preocupantes porque os investimentos no pré-sal são monstruosos. Há estimativas variando de US$ 150 bilhões a US$ 300 bilhões. Somente no campo de Tupi, a Petrobras quer colocar 8 plataformas, que terão custo de US$ 12 bilhões.

Fala-se também da criação de um fundo para ajudar na saúde e educação. Mas todo mundo sabe que dinheiro carimbado no Brasil não existe. É só lembrar do que era dito sobre a Cide e a CPMF.

Bacoccoli afirma que as mesmas dúvidas que preocupam os investidores deixam apreensivos também prefeitos e governadores de municípios e estados das áreas do pré-sal.

- Ninguém sabe dizer se a restituição será maior ou menor - afirmou.

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